Avaliação | Lifan X60 tem potencial, mas deve refinamento

Modelo é espaçoso e tenta transmitir sofisticação, mas requer ajustes

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Mesmo com apenas três anos de Brasil, a Lifan enfrentou maus momentos no período em que era representada pelo Grupo Effa. A matriz da empresa não hesitou em assumir as operações no país e reestruturar o negócio, e agora tenta um recomeço. O X60, um SUV compacto montado no Uruguai, marca esta nova fase. Desde maio tenta conquistar o brasileiro com amplo espaço interno, lista de equipamentos extensa e preço convidativo. Mas quem disse que esta tarefa é fácil?

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O Lifan X60 é como aquele candidato a um emprego com bom currículo, que se saiu bem na entrevista com o RH, mas que, na hora de fazer um teste exercendo sua função, chega na sua mesa e pede ajuda com o Word. Estático ao lado de uma ficha técnica ele passa uma ótima impressão, mas ainda tem muito o que aperfeiçoar.

A estratégia de oferecer mais por menos é comum a praticamente todos os chineses (é bom não esquecer dos MG, que são caros), mas o Lifan X60 chama atenção por ir um pouco mais além dos próprios conterrâneos. Enquanto freios ABS, airbags dianteiros, direção hidráulica, ar-condicionado, vidros elétricos, alarme, rodas de liga leve e retrovisores elétricos se tornam cada vez mais comuns até mesmo em carros nacionais, o X60 vai além com regulagem elétrica dos faróis, volante com regulagem de altura e comandos do som, rodas de liga-leve (até mesmo no estepe), freios à disco nas quatro rodas, sensor de estacionamento traseiro, acendimento automático dos faróis, lanternas com LEDs e faróis e lanternas de neblina. Até a central multimídia com Bluetooth, MP3, conexão P2 e USB e DVD, e que exibe imagens da câmera de ré, é um dos equipamentos de série da versão Talent, como a avaliada.
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Nas dimensões, o Lifan X60 leva pequena desvantagem sobre o Renault Duster. São os mesmos 4,32 m de comprimento, mesmos 1,69 m de altura, mas com 1,79 m de largura perde por 3 cm, e os bons 2,60 m de entre eixos ainda são 7 cm menores que os do franco-romeno. De toda forma, o espaço interno é amplo para as duas fileiras de assentos. Os bancos traseiros ainda contam com sistema interessante para rebatimento e ajuste da inclinação do encosto, e há sistema Isofix para fixação de cadeirinhas infantis. Três pessoas podem se acomodar com certo conforto ali atrás.
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O X60 impressiona ainda mais com seu preço: R$ 54.777. Com este montante compra-se apenas versões de entrada e com motor 1.6 dos concorrentes nativos, ou o Chery Tiggo, com seu motor 2.0 de 132 cv. O Lifan X60 fica no meio termo, com um 1.8 16V VVT à gasolina que gera 128 cv e 16,8 kgfm de torque (4200 rpm), e que chegam às rodas dianteiras após o câmbio manual de 5 marchas fazer seu trabalho.

Segundo a Lifan, o conjunto é suficiente para levar o jipinho do zero aos 100 km/h em bons 11,2 segundos e à velocidade máxima 190 km/h.

Na hora de pegar no batente…

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Você ainda não tem intimidade com o X60, portanto evite fazer brincadeiras que envolvam ele e aquele sueco musculoso chamado Volvo XC60. Para a felicidade de ambos, a semelhança para no nome. O X60 não tem estilo muito moderno, mas também não chega a ser careta e nem desagrada. O capô elevado, como em  SUVs derivados de picapes, e os faróis de neblina nas extremidades do para-choque é que fogem um pouco ao normal, e o para-brisa menor e menos inclinado do que em seus contemporâneos faz ele parecer mais velho. LEDs nos faróis e lanternas tentam dar um ar mais moderno ao modelo.
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Em pouco tempo você percebe que nem tudo que estava no currículo pode ser considerado de forma positiva. Os bancos em couro sintético poderiam ser melhor costurados e ter as sobras cortadas, sem contar que o atrito das duas partes do encosto do banco traseiro gera um barulho bastante incômodo com o carro em movimento. Os vidros elétricos não poderiam faltar, mas a função “um toque” funcionou raríssimas vezes durante a avalição. E ainda, do que adianta ter um marcador digital se não há computador de bordo?  O marcador de combustível, mesmo analógico, ainda demonstrava imprecisão quando funcionava – o que não acontecia sempre.EL5A3195-1
Encontrar uma boa posição de dirigir é tarefa difícil e, no fim, você termina se acorstumando com uma próxima do correto. O ajuste de altura do volante tem pequena variação,  e regular a altura do cinto de segurança é uma tarefa complicada por conta da posição de sua trava. O banco é bastante firme, e não se molda tão bem ao corpo do motorista nem lhe confere bom suporte lateral, mas ao menos passou a ter regulagem de altura na linha 2014. A unidade avaliada era modelo 2013, no entanto.
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Fora a forração dos bancos, o acabamento até é agradável, considerando que este também não é um ponto forte de seus concorrentes. Há plásticos rígidos por toda a parte, mas com bons encaixes e diferentes texturas. Em movimento, no entanto, ouve-se ruídos vindos de dentro do painel. Este, por sua vez, acolhe comandos em bem localizados e ao alcance das mãos e a central multimídia, que surpreendeu pelo bom funcionamento e pelos comandos fáceis.
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Esteja preparado para fazer força para acessar os 405L de capacidade do porta-malas, pois a tampa é bem pesada e o auxílio dos amortecedores é praticamente nulo.
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Em movimento é que o Lifan X60 revela suas principais dificuldades. O motor 1.8 à gasolina tem funcionamento áspero e ruidoso, e não gosta de trabalhar em baixas rotações, acordando apenas próximo dos 3000 rpm. Daí em diante convence de sua capacidade de mover os 1330 kg do X60. Mas o preço deste vigor é o conforto acústico e o consumo. O isolamento do cofre do motor aparenta ser competente, mas o ronco que invade a cabine parece ser de um motor a diesel (confira em nosso video onboard mais abaixo), e este SUV sofre com ressonância. O consumo médio calculado por nossa equipe entre cada abastecimento foi de 7 km/l.

O câmbio deve um pouco de precisão, mas tem marchas bem escalonadas e os engates são macios, ainda que o curso do câmbio seja longo e a embreagem seja pesada, características que remetem às antigas S-10 e Ranger. A direção é lenta e bastante anestesiada e o volante um tanto grande. No fim das contas você se pergunta se está em um Suzuki Vitara ou num Kia Sportage turbodiesel de 15 anos atrás.

Uma coisa que notei durante o convívio com o X60 foi o barulho excessivo do compressor de ar-condicionado e como ele “pesa” no motor. Ele tem funcionamento ruidoso, a ponto de ser possível saber pelo som a quantidade de gás R134a que ele está comprimindo a cada instante. Além disso, nota-se que o motor passa a vibrar mais e tem perda perceptível de potência em baixas rotações.

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A suspensão seria muito melhor se a engenharia da Lifan se mobilizasse para recalibrá-la. O sistema de suspensão, independente McPherson na dianteira e independente com braços arrastados atrás, poderia ter acerto muito melhor que o atual. Qualquer irregularidade no piso é transmitida aos passageiros, mas é macia em curvas e consegue impedir que a carroceria role em mudanças rápidas de direção, ou em curvas tomadas de forma mais agressiva.

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O sistema de freios, à disco nas quatro rodas, tem ABS e EBD, mas o pedal é esponjoso e você logo percebe que o sistema requer que o pedal seja levado mais fundo para atuar de forma realmente eficiente.

Apesar do preço, dos equipamentos, da garantia de 3 anos (5 para motor e câmbio) e do espaço interno, o Lifan X60 ainda deve refinamento. Dada sua importância na estratégia da empresa para o Brasil, merece melhor adaptação ao gosto local e atenção por parte da empresa. A Lifan está trabalhando neste sentido, e já promoveu a substituição do acabamento claro por um todo escuro na linha 2014, e até já traz versão com teto solar por R$ 57.990, mas ainda há trabalho a ser feito.
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Voltando à comparação com o velho Sportage, veja o que este era e o que é hoje. O X60 hoja já leva vantagem sobre ele, e tem potencial para ir mais longe, basta aprender com os erros e se aperfeiçoar continuamente focando em seus pontos fracos. Seria um ótimo estagiário, mas ainda tem muito o que melhorar antes de ser efetivado. A sorte dele é que existem chefes que são menos exigentes…

Ficou no passado

Na época que foi representada no Brasil pelo Grupo Effa a Lifan enfrentou problemas com abastecimento de peças e qualidade para os modelos que vendia, o 320, compacto conhecido por ser muito parecido com o MINI Cooper, e o sedã 620. Isto sem contar com a falta de respeito com os proprietários por parte das revendas. Muitas destas – algumas multimarcas - fecharam quando a Lifan assumiu o negócio. Agora a empresa trabalha para se reestruturar, e apesar de ter deixado de importar o 320 e o 620, assumiu a manutenção e garantia dos mesmos. Ainda há, inclusive, algumas poucas unidades do 320 em estoque.

Galeria
Fotos | Fabio Perrotta (Portifolio)

Ficha técnica

MOTOR
Dianteiro, transversal, de quatro cilindros em linha, 1.794cm³ de cilindrada, 16 válvulas, a gasolina, com potência máxima de 128cv a 6.000rpm e torque de 16,8kgfm a 4.200rpm

Transmissão
Tração dianteira, câmbio manual de cinco marchas

Suspensão/Rodas/Pneus
Dianteira, independente, do tio McPherson; traseira, independente, Trailing Arm; 7 x 16 polegadas de liga leve; 215/65 R16. Rodas de liga leve e freio a disco nas quatro

Direção
Tipo pinhão e cremalheira, com assistência hidráulica

Freios
Discos nas quatro rodas, com ABS e EBD

Capacidades
Peso, 1.330kg; tanque, 55 litros; 370 kg de carga; porta-malas de 405 L

Equipamentos

De série
Airbag duplo, cintos de segurança traseiros laterais de três pontos, cintos de segurança dianteiros com pré-tensionadores e regulagem de altura, chave com destravamento remoto das portas, freio ABS com EBD, trava central das portas, alarme antifurto, sensor de estacionamento traseiro, vidros elétricos, desembaçador traseiro, retrovisores elétricos, faróis de neblina, porta-copos, apoios de cabeça com ajuste de altura, volante com regulagem de altura, direção hidráulica, ar-condicionado, sistema multimídia com DVD, GPS, rádio AM/FM/CD Player e tela de sete polegadas, abertura interna do porta-malas, banco traseiro com encosto reclinável e bipartido, ajuste elétrico da altura dos faróis e sistema de fixação de cadeiras para crianças tipo Isofix.

Opcionais:

Não há. Apenas a versão VIP com teto-solar.

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