F1 2014 – Forças em (des)equilíbrio

O que dá para se concluir depois de doze dias de testes

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Foram incontáveis quilômetros. Técnicos e mecânicos formando verdadeiros exércitos, pilotos dando centenas de voltas, testando um sem-fim de novos componentes e... tudo isso sem valer um mísero pontinho no campeonato. Assim foram os testes de pré-temporada. Melhor, sempre foi assim, porque o que foi feito por agora é base para o que vai acontecer alguns dias à frente. No caso desse ano, dia 16, em Melbourne, na Austrália.

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E depois de doze dias em dois países diferentes, será que dá para chegar a alguma conclusão antes que as luzes vermelhas se apaguem no primeiro GP do ano? Por ora, o que todo mundo tem dito (e que parece ser o mais certo mesmo) é que a Mercedes tem tudo pra tirar da Red Bull o posto de favorita da temporada. De certa forma é até merecido. Os alemães são um tanto esforçados, e o time parece ter ganho um sopro de vida a mais desde que Lewis Hamilton entrou. Mais vitórias e (quem sabe) um título seriam merecidos, por que não?
TEST PRE-CAMPIONATO F1/2014 BAHRAIN 27/02-02/03/2014
Outra certeza que surgiu é que não é só a equipe da Mercedes que tem merecido aplausos, mas também os propulsores alemães. Eles estão equipando, além da equipe de fábrica, mais três times: McLaren, Force India e Williams. E, talvez não por coincidência, esses times sempre se revezaram entre os cinco primeiros postos em todos os testes. Com exceção de uma ou outra intromissão da Ferrari na pole e entre os primeiros, a estrela de três pontas dominaria o “grid” sempre. Da Ferrari, aliás, não dá pra se saber ainda se vem coisa boa ou não. O carro até parece bem-nascido, mas um “choque de gênios” entre os dois pilotos da casa, nos moldes do que ocorreu com Senna e Prost nos tempos de McLaren ou Prost e Mansell nos tempos da mesma Ferrari pode ser fatal para a equipe.
2014 F1 Pre Season Test 1 - Day 2
Circuito de Jerez, Jerez, Spain.
Wednesday 29 January 2014.
Valterri Bottas, Williams FW36 Mercedes.
World Copyright: Glenn Dunbar/Williams F1.
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Nos outros times “mercedianos”, a maior surpresa, sem dúvida, é a Williams, seguida da Force India. O time de Grove, que parecia fadado à falência, está tendo um desempenho consistente como há muito não se via, e muito desse mérito – exaltam os próprios pilotos – vem dos motores. Parece uma ironia que a montadora que deixou Kimi Raikkonen a pé por meia temporada em 2004 é a mesma que está fazendo motores confiáveis como um relógio de ponto suíço esse ano. Se não bastasse, sempre andaram entre os primeiros e fecharam os testes com a maior quilometragem alcançada, o que é vital no desenvolvimento de um novo bólido.
2014 F1 Pre Season Test 1 - Day 2
Circuito de Jerez, Jerez, Spain.
Wednesday 29 January 2014.
Valterri Bottas, Williams FW36 Mercedes.
World Copyright: Alastair Staley/Williams F1.
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Para a Williams, inclusive, um bom desempenho esse ano é vital. E para Felipe Massa é a chance de provar que ele não “morreu” na categoria. Até Valtteri Bottas, que, em tese, é somente o segundo piloto tem nesse ano uma possibilidade de provar que não veio a passeio no circo. Ou seja, na Williams os times precisam mesmo dos pilotos e vice-versa.
Formula One Testing
No caso da Force India, a coisa é bastante similar, mas ao mesmo tempo diferente. Os indianos não precisam mais mostrar que saíram do fundo do grid. A briga agora é para mostrar que eles podem ir além. Vijay Mallya já deu provas de que não entrou no circo para marcar passo, e a grande chance pode ser esse ano. Sergio Pérez parece motivado a dar a volta por cima da temporada ruim que teve na McLaren, e Nico Hulkenberg quer deixar de ser só uma promessa para virar um piloto de ponta. Ou seja, tal qual a Williams, a Force índia precisa dos seus pilotos, e eles precisam dela também.
2014 F1 Pre Season Test 1 - Day 2
Circuito de Jerez, Jerez, Spain.
Wednesday 29 January 2014.
Jenson Button, McLaren MP4-29 Mercedes.
World Copyright: Glenn Dunbar/LAT Photographic.
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Na McLaren o maior problema parece ser a fase de transição. O carro já provou (ao menos nos testes) que é bom, e o novato Kevin Magnussen tem tudo para em pouco tempo despontar como uma estrela, e até esse ano mesmo dar trabalho a Jenson Button. Mas o novo patrocínio a ser anunciado, e o fim da parceria com a Mercedes pode representar uma temporada turbulenta, típica de uma fase de transição de qualquer time. A própria McLaren passou por várias até se estabelecer de vez com os Motores Mercedes em 1996.
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E aí você, amigo leitor, se pergunta “e os times com motor Renault, ele não vai falar nada?”. Não, não estou esquecido. Mas no caso destes, a situação tá péssima, e com razão. Dos quatro times que estão usando os propulsores franceses, os dois “principais” (Red Bull e Lotus) estão abarrotados de problemas, e não conseguiram colher nada de importante nesses doze dias de testes. Pior: somando-se o que Red Bull e Lotus andaram nesses doze dias, não se equipara ao que a Willams andou em três! Caterham e Toro Rosso deram bem mais giros (a Toro, por sinal, tem o novato promissor Daniil Kvyat. Olho nele!), mas dessas, só a Toro Rosso pode ser levada minimamente em consideração, já que a Caterham ainda precisa de resultados para mostrar que saiu do fundo do grid.
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Aí sobram Sauber e Marussia. A primeira parece que vai ficar no mesmo lugar do ano passado: do pelotão para baixo, quando um dia já chegou até a conseguir pódio. Adrian Sutil está chegando naquele momento similar ao de Giancarlo Fisichela e Jarno Trulli, do piloto que correu, correu e não alcançou nada. A diferença é que os dois italianos chegaram a andar em times de ponta, enquanto que o alemão ainda carece de uma chance dessas. No time russo a situação é mais animadora. Nos últimos quatro dias de testes, Max Chilton e Jules Bianchi fizeram chover e colocaram os carros tricolores próximos do “meio do grid”.
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Depois de tanta falatória aqui, dá pra dizer que chegou-se a alguma conclusão? Talvez sim, talvez não. As forças estão num claro (des)equilíbrio, como é e sempre foi em toda a história da Fórmula 1, mas, dessa vez com as cartas embaralhadas de um jeito diferente, o que pode dar toda a graça para o novo espetáculo que se inicia daqui a 13 dias. É esperar para ver, e torcer para ser bom.

Até lá!

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