Avaliação - JAC J2 JetFlex mostra que popular também pode ser divertido
Compacto ganha fôlego, mas mantém deficiências
![JAC-J2-1.4-JETFLEX-2015 (1)](http://primeiramarcha.com.br/wp-content/uploads/2015/06/JAC-J2-1.4-JETFLEX-2015-1-740x417.jpg)
![JAC-J2-1.4-JETFLEX-2015 (32)](http://primeiramarcha.com.br/wp-content/uploads/2015/06/JAC-J2-1.4-JETFLEX-2015-32-740x555.jpg)
O J2 já passou pela nossa garagem há dois anos, mas agora é vendido com versão flex do motor 1.4 16v (na verdade, 1.3), com fôlego extra. Está mais caro, custa R$ 37.990. Não chega a ser ruim diante de versões equivalentes de Volkswagen Up e Ford Ka, que ainda têm a desvantagem do motor 1.0. "Agradável" é a palavra que melhor define o visual do J2. A dianteira apela para a temática dos carros chineses “fofos”, como Chery QQ e Geely GC2 (ou Panda), com os faróis em formato de gota.
Atrás, o exagero das lanternas também é tipicamente oriental. O para-choque estreou junto com o motor flex e os sensores de estacionamento são de fábrica, e bem úteis num carro com vidro traseiro tão pequeno. As chamativas faixas e o teto com cores invertidas são opcionais - para o alívio de muita gente.
![JAC-J2-1.4-JETFLEX-2015 (8)](http://primeiramarcha.com.br/wp-content/uploads/2015/06/JAC-J2-1.4-JETFLEX-2015-8-740x417.jpg)
O interior não mudou, manteve algumas deficiências. A aparência geral é interessante no primeiro contato, com profusão de formas redondas à Mini Cooper. Qualidade dos plásticos, porém, passa bem longe do compacto inglês: rígidos e brilhantes, rendem reflexos no para-brisa quando sob sol forte, atrapalhando a visão. Os apliques imitando fibra de carbono no console central, no quadro de instrumentos e nos puxadores de portas são interessantes, mas também não convencem e se mostram frágeis. As maçanetas têm seu charme, mas o pomo do câmbio prata não parece original do carro.
O quadro de instrumentos evoluiu em relação ao J2 a gasolina. Tem nova iluminação branca com possibilidade de regulagem da intensidade, mas ainda peca por não oferecer um computador de bordo e pelo marcador de combustível com funcionamento um tanto romântico: parece que se move como girassóis, seguindo o sol ao longo do dia - não de forma linear, entretanto.
Outras soluções do J2 são, no mínimo, estranhas. O ar-condicionado, apesar de eficiente, é prejudicado por não ter saída central. Tudo bem, ela até existe, mas fica na parte de cima do painel e, assim como no Volkswagen Up, leva o ar direto para o... espelho interno. O porta-luvas nada mais é que um nicho aberto, sem tampa, como em um Renault Twingo.
![JAC-J2-1.4-JETFLEX-2015 (16)](http://primeiramarcha.com.br/wp-content/uploads/2015/06/JAC-J2-1.4-JETFLEX-2015-16-740x555.jpg)
Limpadores de para-brisa? Só um, como no Toyota Etios. Limpador do vidro traseiro? Não tem. O som, como no Toyota, só sai da parte dianteira do carro. E o aparelho não tem Bluetooth, só uma entrada mini-USB, que requer um cabo adaptador para ser usada com um pen drive. Ruim mesmo é a qualidade sonora, algo comum a todos os JAC que já avaliamos.
![JAC-J2-1.4-JETFLEX-2015 (23)](http://primeiramarcha.com.br/wp-content/uploads/2015/06/JAC-J2-1.4-JETFLEX-2015-23-740x555.jpg)
Os bancos, revestidos com tecidos simples, são confortáveis. Apesar dos pedais muito próximos do motorista, há bom espaço na frente. Mas não esperava nada do espaço no banco traseiro: é apertado, como não poderia deixar de ser em um carro com 2,39m de entre-eixos (é 1cm menor que um velho Fusca). O porta-malas do Fusca também era maior: 140L contra 121L do J2.
Muito fôlego
É em movimento, porém, que o chinesinho mostra sua vocação. Apesar da posição de dirigir incômoda, muito alta e inclinada, o J2 é muito divertido. A direção leve no limite e o bom - mas barulhento, mesmo que não seja um problema neste caso - motor 1.4 VVT JetFlex de 113cv de potência e 14,4kgfm de torque - quando com álcool -, rende acelerações e retomadas rápidas. O entre-eixos curto colabora para a impressão de agilidade em manobras ágeis.Tudo isso, porém, tem um preço: consumo médio de 8km/l (com etanol). Com tanque de apenas 35 litros, a autonomia fica comprometida. Isso não é defeito em um carro urbano, porém, como não há computador de bordo, a impressão que se tem é que o J2 é um alcoólatra inveterado. Aliás, fica a dica: é normal ver fabricantes aumentar o tanque de combustível para mudar essa percepção de consumo.
![JAC-J2-1.4-JETFLEX-2015 (28)](http://primeiramarcha.com.br/wp-content/uploads/2015/06/JAC-J2-1.4-JETFLEX-2015-28-740x555.jpg)
O escalonamento do câmbio foi aprimorado na versão flex do modelo, encurtando a distância entre as marchas. Contudo, os engates barulhentos são os mesmos que se escuta em outros JAC. A suspensão, por sua vez, destoa da dinâmica do modelo. É macia, mas com curso pequeno, o que faz com que o J2 pule ao passar por irregularidades no asfaltos.
No quesito segurança, apenas o trivial: freios ABS com EBS e airbag duplo frontal. O cinto de segurança central traseiro não é de três pontos e não há pontos de ancoragem IsoFix para cadeirinhas de crianças.
Mesmo com novo motor, o JAC J2 JetFlex se mostrou um modelo que vive em dois mundos diferentes. É um carro que consegue ser compacto, ágil e recheado de equipamentos, mas com excentricidades que podem ser vistas como falhas. Difícil é entender que, no fundo, o que ele quer é divertir. E diverte. Questão de prioridades.
Ficha técnica
MOTOR: flex, quatro cilindros, 16V, 1332cm³, potência de 110cv/113cv (a 6.000rpm) e torque de 14,17kgfm/14,48kgfm (a 4.500rpm) (gasolina/álcool).TRANSMISSÃO: câmbio manual de cinco marchas.
TRAÇÃO: dianteira.
SUSPENSÕES: independente McPherson na dianteira e independente com barra de torção na traseira.
FREIOS E PNEUS: discos dianteiros e tambores traseiros; 175/60 R14.
DIMENSÕES E PESO: 3,53m (compr.), 2,39m (e.e.), 1,47 (alt.) e 1,64 (larg.); 915 quilos.
PORTA-MALAS: 121 litros.
TANQUE DE COMBUSTÍVEL: 35 litros.
DESEMPENHO: 0 a 100km/h em 9,7 segundos e velocidade máxima de 187km/h.