Avaliação – Chevrolet Agile tenta uma nova chance com visual atualizado

Compacto está mais equipado e mais bonito, mas preço joga contra

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Uma das coisas que passaram pela minha cabeça durante a avaliação do Chevrolet Agile, é que ele merece algum respeito. Pelo menos agora, reestilizado, com o visual que deveria ter desde 2009. Se hoje Onix, Cobalt e Spin são parte de uma gama de modelos renovada recentemente, parte da “culpa” é do Chevrolet Agile. Agora ele precisa provar que merece seu investimento nele.

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Em 2008 a idade média dos produtos da Chevrolet no Brasil beirava os 7 anos, e a General Motors não podia ajudar enquanto credores batiam em sua porta; vivia a crise econômica - que, no fim, lhe custara a Pontiac e a Hummer. O Agile foi a solução criada em casa, na América do Sul: um carro lucrativo e atrativo, capaz de ter demanda. Terminou tendo peso nas vendas da empresa nos tempos de IPI reduzido.
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A reestilização que estreou em outubro passado lhe garantiu formas mais delicadas na dianteira. Substituiram a grande grade, que parecia ter saído de uma S10, por uma mais estreita e acompanhada pelos novos faróis, que passam a impressão de serem mais delgados. O novo para-choque acompanha as alterações e agora possui uma faixa horizontal sem pintura que tem a função de fazer o Agile parecer mais largo e baixo, e ainda ajuda a não marcar a pintura em eventuais toques. A faixa também é vista na traseira, onde mudaram o para-choque e as lanternas, agora com nova disposição dos elementos internos. Nas laterais a novidade fica por conta das rodas aro 16”, bonitas e que me fizeram imaginar como ficariam bem em outros compactos da marca.

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É bom não deixar o design enganar. O Chevrolet Agile se mantém nos 3,99 m de comprimento, 1,68 m de largura e 1,53 m de altura, além de 2,54 m de entreeixos. Isso resulta num bom espaço interno, até porque você se senta próximo ao para-brisa e os assentos são um pouco mais curtos. O espaço é confortável para todos, dependendo do tamanho do quinto ocupante, mas poderia ser melhor aproveitado. O porta-malas tem bons 337L e é totalmente revestido, ainda que a forração do assoalho tenha falha em seus recortes.
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Chevrolet Agile 2014 (56)Alterações discretas foram as feitas no interior, que merecem ser apontadas. Os plásticos deixam de ter dois tons de cinza para ter uma única cor, um tem mais escuro de cinza, mas continuam com aspecto frágil e com rebarbas evidentes.  O quadro de instrumentos tem novo grafismo, mas continua com sua disposição curiosa, com o conta-giros se movimentando de cima para baixo. O volante também é novo e inédito, com base achatada e diferente daquele usado por Camaro, Cruze, Onix e etc.… De quebra, tem boa pega e comandos do som e do piloto automático. Fora isso, há novos tecidos no acabamento interno dos bancos e dos painéis de porta. E o ar-condicionado manual com visor digital continua em destaque no console central, somando a lista de peculiaridades do Agile.

Mais do mesmo

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Chevrolet Agile 2014 (52)Não há grandes mudanças do ponto de vista técnico, nunca houve. O Agile permanece com o motor 1.4 8v Econo.Flex, que gera são 97/102 cv de potência a 6.000 rpm e 13,2/13,5 kgfm de torque a 3.200 rpm, com gasolina e etanol, respectivamente. Poderiam ter usar o o SPE/4, que equipa o Onix e tem algumas alterações que garantem um pouco mais torque e potência… Ao menos a transmissão foi revista, sendo a manual de cinco velocidades F1X, com novas relações de marchas e ré sincronizada. Aliás, “AS” transmissões, pois agora ainda pode ser equipado com a transmissão automatizada Easytronic, também de cinco marchas, seu único opcional.

O motor tem a seu favor o peso total do carro, de 1075 kg – bom para uma versão completa –, que revela esperteza na cidade graças às marchas bem escalonadas. Em rodovia é que o 1.4 demonstra certa morosidade em retomadas, mas os escalonamentos de marcha - que o favoreceu em trecho urbano - faz os giros chegarem a 3500 rpm a 120 km/h, prejudicando o conforto acústico, que não é lá essas coisas.

A questão nem se deve ao motor, que não é ruidoso. O incômodo é causado pelos ruídos aerodinâmicos, bastante perceptíveis a partir dos 100 km/h. É algo já esperado devido ao elevado cx do Agile, de 0.37. Fica evidente que teria como melhorar o isolamento acústico ao se passar por uma poça d´agua e ouvir nitidamente cada gota que bate na caixa de roda. Ainda assim, o consumo rondou os 10 km/l com gasolina e 8,5 km/l com álcool, na cidade nos dois casos. Na estrada, com gasolina, registrou média de 11,2 km/l.

Suspenso

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A tradicional combinação do conjunto tipo McPherson na dianteira e do eixo de torção na traseira é vista no Agile, mas com fixação direta no monobloco, sem o intermédio de subchassis, característica herdada da plataforma GM 4.200, compartilhada com Celta e Corsa Classic. A diferença fica por conta da ampliação da distância entre-eixos, mas as semelhanças são nítidas em alguns momentos.
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Sim, o conjunto usado pelo Agile já foi superado pela própria Chevrolet, mas até que souberam usar toda a experiência com a plataforma para chegar a um bom acerto dinâmico. Foi necessário revisar a suspensão por causa das novas rodas com pneus mais finos. Está durinha, algo esperado devido à grande altura livre da carroceria em relação ao solo, e também pelo fato do Agile ser um carro alto. O comportamento em tomadas de curva é apenas regular, sendo bem perceptível a inclinação da carroceria, e se fizer com mais ímpeto ela inclinará mais, tendendo ao subesterço. Por fim, a direção – que tem regulagem em altura - tem peso correto em manobras, mas poderia ser mais progressiva pois torna-se leve demais em alta velocidade.

Bem recheado

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Chevrolet Agile 2014 (50)O Chevrolet Agile perdeu sua versão de entrada, LT, meses antes de ser reestilizado. Ela não tinha rodas de liga leve, sistema de som, rodas de liga leve, airbags e freio ABS e nem vidros traseiros elétricos, por exemplo. Permaneceu apenas a LTZ, que passou por upgrade com as alterações no visual.

Além das rodas aro 16”, há freios ABS, dois airbags, ar-condicionado, direção hidráulica, controlador de velocidade de cruzeiro, acendimento automático dos faróis, faróis de neblina, banco do motorista com regulagem de altura, alarme, sistema de som com Bluetooth e entrada auxiliar, travas, espelhos retrovisores e vidros elétricos.

No convívio

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Apesar do respeito, não há como relevar certas características que a plataforma impõe ao Agile, e, em sua maioria, prejudicam a ergonomia. Os bancos são pequenos e o volante é levemente deslocado para a direita, mas incômoda é a modulação dos pedais, principalmente com o de embreagem, que ainda atua por cabo e tem acionamento exageradamente leve. O rádio, em posição muito baixa também incomoda.
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O motor confere ao Agile comportamento ideal para um carro para o dia-a-da, e, pelo menos em matéria de equipamentos ele está bem servido. O calcanhar de Aquiles do Agile hoje atende por “Onix”. Considerando o universo da tabela de preços oficial, pelos R$ 44.090 pedidos pelo Agile é possível levar para casa um Onix LT 1.4 com sistema MyLink (R$ 43.490) e sobra um troco para o emplacamento e o primeiro tanque. Este Onix, entretanto, deve ao Agile equipamentos como rodas de liga leve, faróis de neblina e vidros elétricos traseiros, por exemplo. A diferença é que, nas lojas, o Agile tem bons descontos.

Pontos positivos:

  • Pacote de equipamentos
  • Motor silencioso e com desempenho correto
  • Design (quem diria!)

Pontos negativos:

  • Ergonomia
  • Preço
  • Idade do projeto

Galeria

Fotos | Henrique Rodriguez  - Edição | Fabio Perrotta (Portfolio)

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