Quando as aparências enganam e os dados se confundem - Parte 2

Já que informação nunca é demais, que venham novos fatos curiosos!

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Confesso que me vi surpreso com a aceitação e a repercussão da primeira parte deste texto. Mas, afinal, a curiosidade move fortemente o ser humano, e assuntos assim são excelente combustível para conversa de boteco, não é mesmo?

Quando as aparências enganam e os dados se confundem - Parte 1

Desta vez levei em consideração as sugestões dadas por vocês e, novamente, eventuais dúvidas, reclamações, elogios e pedidos de casamento poderão ser postados nos comentários abaixo, nos quais estarei sempre atento e de olho. Vamos lá?
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1 – No final dos anos 1980, Fiat e a Saab se uniram para fazer um novo sedã executivo denominado tipo quattro. Se você pensou que o tipo uno é o Uno, o tipo duo o Tipo e o tipo tre o Tempra, você acertou. Desse projeto, saíram o Fiat Croma, o Alfa Romeo 164, o Lancia Thema e o Saab 9000. Entretanto, no decorrer do projeto, os engenheiros da Saab julgaram que os padrões do grupo Fiat quanto a segurança em colisões dos mais diversos tipos estavam abaixo do esperado. Então, toca a reprojetar o SAAB (será que eles ouviam ABBA ou Europe nessas horas?). No fim das contas, enquanto os três sedãs italianos possuem diversas peças intercambiáveis entre si, o modelo sueco apresenta apenas sete peças intercambiáveis com ele. Isso mesmo: sete.
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Ainda quanto ao tipo quattro, um dos mais interessantes sedãs do final dos anos 80 é o Lancia Thema 8.32. O que isso significa? Um V8 Ferrari oriundo da 308 GTS, com novo virabrequim (cross-plane ao invés do flat-plane habitual), válvulas menores e ordem de ignição diferente, além do fato de alguns componentes serem montados pela Ducati. Tudo isso disposto transversalmente e despejando 215 cv nas rodas dianteiras.
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Vamos voltar à nossa realidade. Você se lembra na primeira parte que citei o Chevette equipado com câmbio automático? É a caixa GM TH-180, que além do Vitara/Sidekick também equipou alguns Fiat dos anos 1970 exportados para os EUA. Ainda em tempo: saíram algumas Marajó e Chevy 500 com esse câmbio. Não, eu não comi cogumelos alucinógenos. E não, não é instalado posteriormente: era opcional de fábrica mesmo!
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4 –
Ainda falando de câmbio dos Chevrolet, alguns fãs convictos do Opala juram de pés juntos que o câmbio de três marchas com comando junto à coluna de direção morreu no início dos anos 1980. Ledo engano: essa opção esteve em catálogo até 1988. E sabem por que esse estranho opcional se manteve disponível? A resposta é simples: Caravan Ambulância! Além disso, o câmbio automático do Omega A fabricado no Brasil era o 4L30-E, que por sua vez era fabricado pela GM em Estrasburgo, na França, e comprado aos montes pela BMW para equipar vários de seus modelos.

A mesma BMW há pouco tempo tentou comprar da GM o mesmo câmbio manual F1X de segunda geração que equipa Onix, Cobalt e família. Só que a capacidade de produção do mesmo não daria conta de sustentar a demanda da fabricante alemã.
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autowp.ru_chevrolet_camaro_z28_715 – Pra fechar o tema Opala: no final dos anos 1960 a GM fez um motor com 302 polegadas cúbicas visando homologação do Camaro Z/28 Trans-Am. Pois bem: esse motor é, exatamente, dois 151 do Opala fundidos a 90º! Assim, muitas peças podem ser instaladas no motor de 4 cilindros do Opala, aproveitando o fato do V8 ter sido criado para alto desempenho!daewoo_espero_7
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Você acha inusitado o fato daquele Daewoo Espero do seu tio aceitar um bocado de peças GM na manutenção ou reparação do mesmo? Não tem nada demais: o Espero é um J-Car, projeto de carro global da GM do começo dos anos 1980 que tem como expoente no Brasil o Chevrolet Monza e mais de vinte variações ao redor do planeta sob diferentes marcas e denominações. Seu motor? É o C20XE, vulgo Família II, também encontrado no Kadett, Vectra e Astra, dentre outros.
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Suspeito que, ao longo da vida a combinação de queijo com fungos e vinho tira o juízo e a lógica das pessoas. Basta ver o que os engenheiros das três grandes fabricantes francesas fizeram ao longo do tempo quando o assunto é carro. A Citroën usou sistemas pneumáticos, volante de raio único, design feito por sereias mediterrâneas e tudo mais. Já a Renault resolveu fazer um arranjo de suspensão traseira no R4 que resultava em uma diferença de 5 cm no entre-eixos entre os lados. Os mesmos fizeram o bacana R21 com motores dispostos tanto longitudinalmente quanto transversalmente, diferença essa comandada pelo motor escolhido. E lógico: menos 6 cm de entre-eixos quando equipado com motores longitudinais.
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8 –
Ainda se tratando de motores longitudinais, normalmente a transmissão está montada atrás do propulsor, próximo à parede corta-fogo. Pois a SAAB mandou a lógica às favas e, no 900, o câmbio fica próximo da frente do carro, com um pequeno cardã trazendo o torque novamente em direção ao eixo. Thor tem soluções de engenharia complicadas, definitivamente.
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9 –
Combo italiano: Durante muito tempo, o motor Fiat 1,3l Diesel fabricado em Betim era o menor motor Diesel para uso automotivo do mundo. Tempos depois, a Fiat brasileira exportava Uno, Elba e Prêmio para a Itália (!), que foram vendidos tanto como Fiat quanto como Innocenti (!!), marca italiana já extinta. O Palio Weekend também atravessou o Atlântico, coisa que a Strada faz até hoje.
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10 –
Um dos motores mais legais que a Alfa Romeo já fez foi o Boxer 1.7 16v que equipou o Alfa 33 nos anos 1980 e 1990. O que tem de legal: são quatro cilindros em duas bancadas, com duplo comando de válvulas em cada uma delas! Ah, e isso antes de saírem os motores Subaru EJ DOHC!
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11 –
Você se lembra daquele V6 4.0 com comando de válvulas no cabeçote, que equipou as primeiras Ranger vendidas no Brasil? Pois bem: ele também equipou Explorer, Mustang e Land Rover Discovery 3. E mais: ele surgiu em 1964, com comando de válvulas no bloco, 2,0 litros de capacidade cúbica e para uso no Ford Taunus alemão. Quanta evolução, não?
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12 –
Mais Ford: O apático 1.4 Zetec que equipou, a partir de 1996, o Fiesta de quarta geração (primeira fabricada no Brasil), teve seu desenvolvimento assistido pela Yamaha. E esse casamento era antigo, pois o V6 3.0 do Taurus SHO também era projeto da fabricante japonesa. E essa, na necessidade de se fazer um novo V8 para o Taurus SHO de segunda geração, não teve dúvidas: Pegou o V6 2.5 Duratec da própria Ford e colocou mais dois cilindros, totalizando 3,4 litros. Novos cabeçotes, regulagem fina e pronto: a despeito do carro ruim, o motor foi muito elogiado.
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13 –
De 1979 até o ano passado, o Mustang utilizou a mesma plataforma: a Fox, também presente nos Thunderbird, Cougar e muitos outros modelos da fabricante do oval azul.
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Se alguém te disser que a Volkswagen do Brasil salvou da falência a Toyota nas terras tupiniquins, ele não está blefando: em 19 de dezembro de 1970, um incêndio na ala 13 da fábrica da Volks em São Bernardo do Campo destruiu toda a infra-estrutura de pintura. A solução? Terceirizá-la, pintando veículos na Chrysler, Toyota, Brasinca e Karmann. A Toyota, cuja situação era tida como deficitária no país, passou a lucrar com a pintura dos VW, o que deu imensa sobrevida à planta nipônica no Brasil.
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15 – Ah, você também acha o Up! (leia avaliação aqui!) uma gracinha, um tchutchuco? E você acha que essa proposta é a primeira da Volks nesse sentido? Sabe de nada inocente: recomendo que você pesquise sobre o interessante protótipo Student, de 1982. E você verá que essa ideia está no ar há muito tempo!
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14 – Cansado do universo monótono de carros prata/preto/branco/cinza? Você deveria se sentir feliz então quando, em 1996, a Lancia lançou (trocadilho infame, mas inevitável) o Ypsilon, seu compacto baseado no Punto da época. Porque para ele eram oferecidos mais de 100 cores diferentes de carroceria, além de uma notável variedade de revestimentos internos.
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Para fechar, uma dica para você, proprietário de Volvo 850/S70 com câmbio automático: Seu mecânico disse que ele tem um radiador de óleo da transmissão, mas você fuçando em casa não o encontra nem por decreto-lei? Simples: ele está dentro do radiador de água do motor! Então, fique atento tanto com o estado da água do arrefecimento como com a presença de água no fluido de transmissão, que, diga-se, é da Toyota.

Satisfeitos? Espero ter alegrado vossas mentes alegres. Sempre que precisarem de algo, entrem em contato conosco! E o espaço para perguntas está inteiramente a seu dispor!

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