Road test | Chevrolet TrailBlazer LTZ 2.8 CDTi – 2°dia

2º dia – sábado, 21 de dezembro de 2013:
O dia em que Minas Gerais parou e eu dancei sem querer dançar

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Acordei do meu rápido sono e não chovia na capital da Zona da Mata. “Animador”, pensei. Abasteci os 76 litros de capacidade do tanque sem saber a frequência com que isso se repetiria nessa jornada. Calibrei os pneus e saí das margens do Rio Paraibuna às 9 horas da manhã daquele sábado, levando minha namorada a e mais algumas malas a tiracolo. No trecho da BR 040 sem duplicação e com muitas curvas e ultrapassagens, não queria ter que enfrentar estrada cheia até o primeiro destino do dia, que era Belo Horizonte, a 260 quilômetros de distância.

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As primeiras opiniões que ouvi da Trailblazer vieram da primeira dama, que faz bicos como radar de velocidade da PRF. E o que ela disse? “Carro grande, como entrou nessa vaga?”. Faz sentido: Não é com facilidade que se estaciona um carro de 4.878mm de comprimento, 2.132mm de largura total e 1.841mm de altura nas apertadas vagas do nosso cotidiano. Ainda foi anotado o latifúndio que é o espaço interno (“Nossa, é enorme por dentro”), graças aos 2.845mm de entreeixos e bitolas dianteira e traseira com mais de 1.570mm. Por fim, ainda vieram elogios como “bons bancos”, “nesse painel o passageiro não consegue ver o velocímetro” e “sacode tanto que chega a dar enjoo”.

Realmente, como se não bastasse a moleza nas curvas, o carro literalmente quica em ondulações transversais à vida. Obras de um eixo rígido, ainda que chamado comercialmente de Five Link pela GM, que entra em shimmy alavancado uma calibração americana de suspensão. Calibração essa que basicamente anularia todos os buracos e valetas das estradas, em situações que os donos de Civic e Corolla chorariam de dó e dor em silêncio.
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Entretanto, a transmissão automática GR6 é outro ponto delicioso do carro. Ainda que em situações pontuais ela “cace a marcha” no tráfego urbano, ela por si só é um show na estrada. O câmbio é um automático epicíclico comum, de seis velocidades, gerenciamento eletrônico e possibilidade de trocas manuais ao se deslocar a alavanca em “Drive” para o lado do motorista, com indicação no painel. O excelente escalonamento mantém os giros na faixa mais interessante de funcionamento do motor com o bloqueio do conversor de torque, assim como a fenomenal presença de freio-motor real em trechos de serra. Sem duvidas, um dos melhores do nosso mercado atual.

Qual foi o efeito prático da transmissão e motores extremamente bem acertados? A resposta é: uma facilidade ímpar em ultrapassagens e retomadas. Chama a atenção de qualquer um que ande no carro em estrada e me permitiu fazer o primeiro trecho do dia em pouco menos de 3 horas de estrada. O trecho seguinte seria entre BH e o Vale do Aço mineiro, originalmente com pouco mais de 200 quilômetros a serem percorridos.
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Com a companheira deixada em casa e devidamente despedida, rumo ao próximo ponto de parada. Para esse trecho, elegi um colega de faculdade. Um bom teste para o conforto do veículo, tendo em vista que esse passageiro já é mais “rodado” e inspira cuidados especiais. E foi ele que me informou que naquele momento começaria a dançar: um trecho normalmente coberto em pouco mais de 3 horas pela BR 381, aquela estrada assassina e criminosa, estava impossível de se trafegar. Um terceiro colega já estava naquele momento há mais de 5 horas na estrada e sequer tinha passado da metade do percurso, que se mostrava árduo naquele dia.

Se eu pedisse um presente para Papai Noel naquele dia (o mesmo que amaldiçoei ontem), seria algo como a Trailblazer. Com ela pude pegar dois atalhos em estradas de terras paralelas à via inicialmente planejada. E me divertir muito enquanto um mundaréu de pessoas se digladiavam por cada metro quadrado da BR 381. A primeira estrada alternativa, de chão batido e barro, foi gloriosamente engolida pelo SUV. Com o 4x4 ligado, sem necessidade de reduzida, a Trailblazer se mostrou em casa, com total disposição para aquele tipo de situação. Nem mesmo os pneus, de vocação estradeira, foram capazes de atrapalhar o espetáculo off-road. E assim nós fomos enquanto eu dançava nos meus horários e ela majestosamente na terra molhada e chuva incessante entre Caeté e Barão de Cocais, no quadrilátero ferrífero mineiro.
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Em seguida, mais um trecho de BR 381, mais um trecho ao volante de terceiros que habitam nossas vias, um desvio forçado por uma estradinha recém asfaltada, novamente BR 381. Quando já chegávamos, com imenso atraso, ao Vale do Aço, mais uma interrupção. A saída? Uma estrada de manutenção de via férrea, de cascalho, escória e terra. Debaixo de uma chuva torrencial.

A despeito do seu tamanho e peso, o utilitário manteve uma média de velocidade interessantíssima para o trecho, enquanto enfrentava poças de lama e deslizava no cascalho. Os faróis sujos de barro mal iluminavam o breu sem fim daquela escuridão enquanto eu encarnava Colin McRae e o senhor que estava ao meu lado era meu navegador. Valente Trailblazer, que impediu novamente que eu dançasse mais do que já estava dançando.

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Colega deixado em casa na cidade de Timóteo pouco depois das 20h, saí da vizinha Ipatinga para o último trecho de estrada às 21h. No meu planejamento inicial deveria fazer isso por volta das 17h, mas o que eram 4 horas de atraso? A rodovia estava cheia como a Avenida Paulista na hora do rush, e tantos eram os incapacitados no comando de veículos que eu definitivamente não deveria me estressar. O destino final? Itambacuri, no nordeste mineiro. Procure no mapa que isso realmente existe. E lá tinha compromisso marcado, mas como a tônica do dia era dançar, acabei perdendo-o de forma dolorosa e que me faz lamentar até agora.

Acompanharam-me no fim deste dia meu pai, minha irmã e o cunhado, além de um volume imenso de bagagens e presentes. Com um ótimo porta-malas e espaço de sobra nos bancos traseiros, a Trailblazer não sentiu o peso e tratou bem seus passageiros. Bônus para o sistema de ar-condicionado, que embora não permita regulagens distintas de temperatura, carrega consigo a função de desvio de fluxo para a parte traseira com quatro difusores no teto, que permitem a regulagem da velocidade do ar no teto do veículo. Ponto positivo também para o bom computador de bordo no painel, de fácil operação e dados claros.

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Viriam pela frente mais 200 quilômetros de BR 381 e 116, salpicada de buracos, carros quebrados no acostamento e motoristas sem experiência, sem educação e sem responsabilidade. Os freios a disco nas quatro rodas com assistência antitravamento e distribuição eletrônica de frenagem (ABS e EBD), com 300mm de diâmetro na dianteira e 318mm na traseira, cumpriam bem sua função mesmo com o peso superior a 2,5 toneladas em movimento. Funcionaram sem qualquer ressalva durante todo o teste, sempre passando segurança.

Novamente, o motor com suas retomadas vigorosas apoiadas pelo turbo de geometria variável e o controle de estabilidade se fizeram presente, seja nas ultrapassagens de motoristas a 60 km/h em trechos de 100 km/h de limite ou no nobre ato de desviar dos buracos, ainda mais após tanto tempo de direção.
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Enfim, quando já eram quase 1 hora da manhã do domingo, era hora de desligar os motores. Meus e da Trailblazer. Incrível era estar bem menos cansado do que se poderia supor dessa jornada. Méritos do acerto de suspensão da Trailblazer. Que inclina, mas juntamente com nos excelentes bancos me preservaram nesse dia. Dica para a Chevrolet: falta ajuste lombar para o assento do condutor. Talvez, se estivesse presente, poderia chegaria pronto para pelo menos uma horinha de forró no mercado municipal de Itambacuri, onde ficaria nos próximos dias.

Hora de recarregar as baterias. Afinal, a Trailblazer e eu ainda seriamos companheiros de diversão nos dias que viriam pela frente.

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Galeria
Fotos | Henrique Rodriguez e Johanns Lopes

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